segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

capítulo 09

É noite... o pior momento para um recluso.
O telefone toca e levanto do sofá que já está tomando a forma do meu corpo, atendo já com medo do que vou escutar.
- Fala!
- Isso é modo de falar com uma amiga?
- Oi Paulinha, o que tu quer?
- Como assim o que eu quero? Eu quero é saber como é que tu tá?! faz uma semana que tu sumiu e não fala com mais ninguém.
A Paulinha é minha amiga desde a faculdade e com o passar do tempo virou uma irmã. Noto pelo tom de voz que ela tá preocupada mesmo.
- Olha só, tô passando aí pra te pegar.
- Acho que não sou a melhor das companhias hoje.
- Não te perguntei nada, em mei hora tô aí, me espera em frente ao prédio.
- Tá bem, tá bem.
- Então tá, beijo.
- Beijo.
Desligo o telefone e fico parado no meio da sala pensando em como é bom ter uma pessoa assim perto de mim.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

capítulo 08

Hoje faz uma semana que não saio de dentro do meu apartamento, desde o fatídico dia da minha demissão, e nem imaginava que conseguiria me manter assim. Pra vocês terem uma ideia, ninguém mais precisa sair de casa pra nada, pois tudo, das compras no mercado e na farmácia até roupas são entregues na sua porta. Isso me ajudou muito neste momento em que a única coisa que eu desejo é me recolher e não ver a cara de ninguém, muito menos de alguma mulher.
Neste período de ermitão minha alimentação se resume aos deliverys da vida, desde deliciosas pizzas de carpaccio com rúcula e tomates secos, passando por comidas chinesas "in box" até os gigantescos e mais gordurosos xis bacon do mundo. Para beber é Pepsi na hora das refeições e vodka sem gelo no restante do tempo.
Passo os dias revendo minha coleção de filmes de terror - já vi "O Exorcista" três vezes só de ontem pra hoje - e à noite fico sentado na sacada olhando as luzes da cidade e bebendo... é claro!
Enquanto isso, escolho minha playlist para as noites de fossa:
  1. Sound of Love - Bee Gees
  2. Sweet Jane - Velvet Underground
  3. Always on My Mind - Elvis Presley
  4. Let's Get In On - Marvin Gaye
  5. I Drove All Nigth - Roy Orbison
  6. Fake Empire - The National
  7. Rivers of Ice - Simple Minds
  8. (Fells Like) Heaven - Fiction Factory
  9. Perfect Day - Lou reed
  10. Nine Million Rainy Days - Jesus & Mary Chain

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

capítulo 07

Dudu conta que foi a própria Carol que fez o favor de contar pra todos no trabalho que tinha terminado comigo e estava voltando com o ex, ou seja, além de ser uma vaca, ela é uma cadela fofoqueira, o que só contribui com a minha ideia, junto com o fato de ela ser uma mula de tão burra, de que a Carol é um zoológico ambulante e ainda por cima me fez ficar com a maior cara de otário.
Agora me pergunto: o que uma porra de uma mulher como ela tem na cabeça pra fazer isso? Imagino que só merda!
Em função dos últimos acontecimentos penso em minhas opções:
  1. inventar um história e falar que eu é que cansei por ela não chupar bem e quando chupava, mordia;
  2. esperar a Carol chegar e socar a cara da infeliz até ela engolir os dentes;
  3. sair do emprego.
Bem... parece meio óbvio o que eu fiz, acabei saindo do emprego, mas não da forma que eu imaginava, muito menos da que vocês pensam.
Logo que o Dudu me falou tudo, saí contando pra todo mundo ouvir que a Carol era uma nulidade na cama e eu já tava pensando em dar um fora nela. Só que enquanto contava, fui ficando cada vez mais nervoso e com mais raiva daquela puta, que por sinal, chegou bem na hora acompanhada do ex/atual, o que me fez explodir e partir pra cima deles, mas como sempre fui uma ameba em brigas, tropecei nas próprias pernas e acabei dando um soco na parede.
Resumindo, fui demitido por tentar agredir uma colega de trabalho e ainda por cima ganhei uma luxação na mão.

domingo, 23 de janeiro de 2011

capítulo 06

Chego no trabalho e abro a porta vagarosamente, olho ao redor e não vejo a Carol, me sinto aliviado e vou direto para a minha mesa. Mal me acomodo e o Dudu, que senta no cubículo ao lado, espicha a cabeça entre as divisórias.
- E a Carol hein?
- O que tem? - falo tentando manter a calma e sabendo que não estou conseguindo.
- Todo mundo já tá sabendo que ela te deixou.
Que ótimo... meu dia será pior do que eu supunha.

capítulo 05

O romance, se é que posso chamar assim, começou um mês depois que eu comecei no trabalho e durou um ano. O pior é que tinha tudo para não dar certo, mas por um momento eu acreditei que comigo era diferente e esse foi meu erro, eu acreditei que os opostos se atraem e em toda essa merda que vemos todos os dias em romances açucarados, comédias românticas e novelas de mau gosto.
Mas eu não sou o único culpado disto, a Carol me convenceu que daria certo. Ela tinha acabado de se separar de um ignorante, ruim de cama - segundo palavras dela - e falava que tinha visto em mim, na minha pessoa desengonçada - palavras minhas - o verdadeiro amor.
Que lindo isto né?
É... até poderia ser ser maravilhoso, um conto de fadas e fodas - o trocadilho infame é necessário e permitido pois o sexo com ela era fenomenal. Mas não foi nada disso que aconteceu, um ano depois, sema mais nem menos, ela simplesmente chegou pra mim e disse que estava tudo acabado, que ela estava enganada e que voltaria para o ex. Sim, o mesmo ex que ela chamava de ignorante e ruim de cama.
O que eu poderia fazer, pelo jeito até mesmo um troglodita/brocha é melhor do que eu.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

capítulo 04

Como eu disse, a vaca da Carol trabalha no mesmo local que eu, só que na produção dos ensaios fotográficos, e ao mesmo tempo é uma pretensa estilista.
Eu não sei ao certo os motivos que me fizeram ficar apaixonado por ela, afinal é o tipo de guriazinha arrogante, patricinha, mimada pelo papai, que sempre me irritou. Acho até que no começo eu não gostava dela, na verdade eu me apaixonei pela ideia de ter uma mulher linda que dizia me amar e me chamava de "homem singular", pois ela acreditava que eu era original e diferente dos outros.
Só que mesmo eu não querendo, eu me apaixonei, e aí... já era!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

capítulo 03

Eu trabalho em um site de moda, escrevendo aquele tipo de texto que acompanha os ensaios fotográficos. É... coisas da vida, eu queria ser escritor e acabei fazendo coisas como: " um trench coat feito para você que busca a elegância europeia e e a sensualidade latina".
Triste né?! Mas pelo menos paga minhas contas. Algumas delas pelo menos.

capítulo 02

Já está amanhecendo e passei a noite acordado. Devo ter furado o CD "The Queen is Dead" do The Smiths de tanto que escutei durante a madrugada.
Estou cansado, meio bêbado e tenho que trabalhar. Sim... pode não parecer, mas eu trabalho, e isso não é o pior no meu dia, a merda toda é que a Carol trabalha no mesmo lugar que eu.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

capítulo 01

Meu nome é Sodaboy.
Tu achas estranho? Pois poderia ser pior, eu quase fui chamado Montain Dew Jr.
Além do mais, isso não tem nada de estranho perto do que é a minha vida. São 3h20min da manhã, horário que nem deus está acordado e eu ainda estou aqui, sentado no meio da sala do meu apartamento vazio. Já tomei toda a quantidade permitida de vodka para um ser humano antes do coma e mesmo assim não consigo pregar os olhos, muito pelo contrário, não paro de pensar na Carol.
Quem é Carol?
Bem, Carol é a vadia que me deu um pé na bunda um dia depois de dizer que me amava e que eu era o homem da vida dela.
Sim, pode até parecer esquisito um homem como eu, de 42 anos, não conseguir lidar com a rejeição, mas o que eu posso fazer, esse sou eu, um velho adolescente que usa cabelo moicano, camisetas do The Clash e sonha, ainda, em ter uma banda punk.
Mas voltando ao que eu comentava, não consigo dormir pois oito horas atrás, levei um fora da Carol.