domingo, 27 de março de 2011

capítulo 19

"Dark is The Night for All" do A-ha toca na festa.
Duas gurias vestindo apenas calças de couro e nada mais se beijam e se devoram sobre a mesa de centro da sala.
Eu olho a cena mas não penso e nem sinto nada pois minha mente está longe daqui.
Paulinha fala alguma coisa mas apesar de ver seus lábios se moverem não escuto nada.
"Talvez eu tenha me enganado"... essas foram as palavras da Carol, sussurradas em meu ouvido. E não é isso que me chama mais atenção, o que não consigo esquecer é o olhar dela ao me falar isso. Não consigo para de pensar em seus olhos enquanto ela partia depois de me falar essas palavras.
A festa não significa mais nada pra mim, eu só penso no que isso pode significar,
O dj toca "Stay On These Roads" do A-ha e acho que ele está de sacanagem comigo.

capítulo 18

Chegamos na dita festa e já percebo que a casa do Kibe está transformada em uma verdadeira FUN HOUSE.
Paulinha e eu vamos de ambiente em ambiente caminhando entre cyberpunks de cabelos descoloridos, clubers vestidos com roupas ultra-coloridas de ciclistas, casais gays que se beijam com extrema paixão visceral e rockers tecnológicos viciados em morfina.
Ao entrar na sala para pegar uma cerveja na piscina infantil cheia de gelo que serve de cooler de bebidas dou de cara com Carol. Ela fica me olhando fixamente e me desconcentro.
Pego uma cerveja, abro e entrego para Paulinha, pego uma pra mim, abro e tomo um gole percebendo que Carol não tira os olhos de mim. Ela vem em minha direção. Fico nervoso e não sei o que fazer. Ela se aproxima de meu ouvido e sussurra com aquela mesma voz rouca que eu ainda amo.
- Talvez eu tenha me enganado.
Ela fala séria e se afasta de cabeça baixa enquanto toma um gole de vodka.
Eu fico imóvel.
Os primeiros acordes de "Never Surrender" do Corey Hart começam a tocar na festa e parece que o dj escolheu aquela música especialmente para mim.

domingo, 13 de março de 2011

capítulo 17

Paulinha chega na hora marcada, pontualmente, e tomamos o rumo da festa.
Ela liga o som do carro.
- Quer escutar alguma coisa?
- Qualquer coisa.
- Então, como é noite de festa, nada melhor do que começar com o primeiro do Van Halen.
Ela coloca a música e os primeiros acordes de "Runnin' With The Devil" estouram dentro do carro. Eu escuto a música e vejo que está noite promete, quem sabe sirva como um exorcismo e eu consiga tirar a puta da Carol da minha cabeça.
-Olha, eu só tenho que te dizer uma coisa. - Paulinha fala bem devagar, como se estivesse escolhendo as palavras para me dizer algo - Eu fiquei sabendo quando tava vindo te pegar.
- Fala mulher!
- A Carol vai tá na festa.
Puta merda... lá se foi meu mundo e minha confiança. É hoje a noite da minha lenta morte.

quarta-feira, 2 de março de 2011

capítulo 16

Acordo e já é noite. Acredito que isso pode ter acontecido devido a combinação do presunto azul que comi e que me fez ficar numa procissão cama-banheiro-cama com meu íntimo ser notívago que é mais chegado aos desvios da escuridão do que ao clarão da luz.
Tomo um banho, me visto e ligo para a Paulinha.
- Alou.
Sim, por incrível que pareça ela atende o telefone com essa pronúncia.
- Oi minha única amiga!
- Oi Soda, eu já ia te ligar. Queria saber como foi a noite passada pra ti.
Lembro bem do que foi minha noite passada mas prefiro não falar nada.
- Nada de anormal - falo aparentando ser um cara calmo e descolado - apenas mais uma noite assombrado pela lembrança da Carol e do que aquela puta tá fazendo junto do ex-marido.
- Ah Soda, esquece essa guria, isso já é passado!
- Fácil falar.
- Tá, olha só, eu quero o teu bem, e entendo que você está arrasado, mas agora não adinta mais pensar nisso, a vida continua e ela vai pagar pelas merdas que fez com você. Agora segue o baile e toca a tua vida.
Essa mina sabe como me fazer bem.
- Tá Paulinha, então vamos fazer alguma coisa, pois eu não quero mais ficar em casa.
- Então vamos na festa lá na casa do Kibe, eu te pego daqui uma hora, me espera lá embaixo.
- Feito, tô te esperando.
Uma festa na casa do Kibe é tudo que eu preciso para esquecer a Carol - merda, já tô pensando nela de novo - e me sentir um pouco mais vivo. Se for como a última festa que eu fui será bizarro, pois tinha um show de travestis, uma briga de anões nus, um bode chamado bendengo e uma banda de rock boliviana.
Eu nem lembro como eu cheguei em casa depois daquela festa, mas lembro que teve gente que nunca mais apareceu, e quem apareceu nunca mais foi o mesmo.