Acordo e já é noite. Acredito que isso pode ter acontecido devido a combinação do presunto azul que comi e que me fez ficar numa procissão cama-banheiro-cama com meu íntimo ser notívago que é mais chegado aos desvios da escuridão do que ao clarão da luz.
Tomo um banho, me visto e ligo para a Paulinha.
- Alou.
Sim, por incrível que pareça ela atende o telefone com essa pronúncia.
- Oi minha única amiga!
- Oi Soda, eu já ia te ligar. Queria saber como foi a noite passada pra ti.
Lembro bem do que foi minha noite passada mas prefiro não falar nada.
- Nada de anormal - falo aparentando ser um cara calmo e descolado - apenas mais uma noite assombrado pela lembrança da Carol e do que aquela puta tá fazendo junto do ex-marido.
- Ah Soda, esquece essa guria, isso já é passado!
- Fácil falar.
- Tá, olha só, eu quero o teu bem, e entendo que você está arrasado, mas agora não adinta mais pensar nisso, a vida continua e ela vai pagar pelas merdas que fez com você. Agora segue o baile e toca a tua vida.
Essa mina sabe como me fazer bem.
- Tá Paulinha, então vamos fazer alguma coisa, pois eu não quero mais ficar em casa.
- Então vamos na festa lá na casa do Kibe, eu te pego daqui uma hora, me espera lá embaixo.
- Feito, tô te esperando.
Uma festa na casa do Kibe é tudo que eu preciso para esquecer a Carol - merda, já tô pensando nela de novo - e me sentir um pouco mais vivo. Se for como a última festa que eu fui será bizarro, pois tinha um show de travestis, uma briga de anões nus, um bode chamado bendengo e uma banda de rock boliviana.
Eu nem lembro como eu cheguei em casa depois daquela festa, mas lembro que teve gente que nunca mais apareceu, e quem apareceu nunca mais foi o mesmo.
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