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domingo, 23 de junho de 2013

capítulo 37

Depois do filme, Paulinha e eu caminhamos por uma Avenida das Dores vazia. Estamos em silêncio e isto me perturba. Não sei o que falar pra ela, pior... não sei como ser uma pessoa agradável sabendo que ela está com algum problema. Tenho medo de falar até. Vai saber se não vou falar alguma coisa delicada. Poxa vida, eu nuca falei com alguém que está doente desta forma.

Penso em algum filme que tenha visto e lembro da música "Streets of Philadelphia" do Bruce Springsteen. bem que eu podia ter este dom para comentar sobre coisas tristes, saber poetizar sobre algo assim. Será que existe o termo poetizar? Será que eu inventei isto agora? Cara, do que eu tô falando, já tô pensando nas minhas merdas de novo ao invés de falar algo para a Paulinha.

Porras, ela tá tão bonita, como é que pode tá doente? Não posso acreditar nisto. Se bem que eu sou meio tapado mesmo, vai ver as pessoas doentes ficam assim e eu é que não note nada. Pouts, penseiem algo de novo e não falei nada.

Fala seu merda! Fala!

- Paulinha...

- O quê? - ela fala com um tom frio na voz.

- Eu não...

O meu celular toca, eu pego e vejo que é Carol. Que que eu faço? Que que eu faço?

- Atende duma vez Soda.

- Tá. - ainda bem que ela falou algo - Só vou atender e já te falo o que eu ia dizer. Ela nem repara na minha resposta, está olhando para o outro lado da rua e não vejo sua expressão.

- Alô.

- Oi Soda. - pourras, Carol! É a Carol! - Eu tô te ligando para marcar de falar contigo de novo, mas ninguém pode saber. Me encontra no Garça daqui a meia hora. Beijos.

Ela desliga e eu fico mudo. Olho para Paulinha.

- Paulinha...

- Vai Soda, nem me explica, apenas vai e te vira, mas não me liga durante um bom tempo.

Eu baixo a cabeça, não falo nada e disparo no meio da rua, acelerando o passo para chegar até o bar do Garça em meia hora.

Eu realmente sou um merda egoísta.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

capítulo 36

Paulinha e eu caminhamos pela rua do Acampamento vazia.

- Domingo é sempre assim né? - eu falo tentando quebrar o gelo.

- Pra mim, as vezes Santa Maria parece sempre assim, mas sei que não é isso.

- E o que é então? - digo com medo de ouvir a resposta.

- Talvez seja por eu falar algo sério pro meu melhor amigo e ele ficar uma semana sem me ligar. E pior, quando liga, fala que vai me pegar na sexta para irmos no trabalho e acaba passando só no domingo. Não... e o pior dublo é que eu acabo aceitando o convite de domingo. E nem sei o motivo pra ter aceitado isto.

- Eu sei o motivo. É que tu lá no fundo me ama. - falo tentando angariar um sorriso e aliviar a tensão no ar, já tá dando para cortar com faca a nuvem negra que tá no ar.

Ela sorri e eu agradeço aos deuses do rock por terem me dado este humor idiota que as mulheres sempre gostam em mim.

- É... eu te amo, mas não é como tu tá pensando, não fica convencido, eu te amo por saber que tu é um idiota de bom coração e que se não fosse eu, tu ia ter uma vida pior do que a merda do que tu vive. E olha que tu vive numa merda desgraçada desde que eu te conheço.

- Ei... calma lá, quem me merece um pedido de desculpas sou eu agora.

- Jura que merece! E não discute comigo que eu não te compro pipoca no cinema.  E outra, para um pouquinho de reclamar da Carol pelo menos hoje, pois a coisa podia ser bem mais estranha se tu estive em um jantar com a Rose.

- Não entendi.

- Nem tenta, pois tu te escapou de sentir cheiro de gardênias no jantar. - e ela fala isto explodindo em uma gargalhada encantadora.