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quarta-feira, 10 de julho de 2013

capítulo 38

Devo ter batido algum recorde, pois chego no Bar do Garça em menos de quinze minutos. Claro que chego em um estado deplorável, mas tudo bem, a Carol já tá acostumada com este meu jeito meio, digamos assim, largado... pra não mal vestido mesmo.

Bem, chego a tempo de ver a Carol descendo do carro e desfilando pela rua até onde estou. E o pior é que não estou exagerando no quesito desfile. Sério, a Carol não anda, ela desfila na frente das pessoas.

Ela vem na minha direção, eu começo a ficar nervoso - mais do que já estou - e para bem na minha frente.

- Soda - ai maldição, que voz ela tem - vamos parar com as bobagens e fugir de vez. É a tua última chance de fazer a coisa certa comigo, nem que eu tenha que te ensinar a ser o homem que eu quero.

Na boa, depois dela ter falado "Soda" eu não entendi mais nada, então acho que a coisa é eu concordar.

- Claro - eu falo tentando não me engasgar com a saliva de tão cagado que eu tô.

- Então tá, se tu concorda é o que nós vamos fazer. Me encontra na Bramoto, sábado que vem no começo da tarde que nós vamos comprar uma moto e dar no pé daqui.

Só um pouco, ela falou em fugir comigo?

domingo, 23 de junho de 2013

capítulo 37

Depois do filme, Paulinha e eu caminhamos por uma Avenida das Dores vazia. Estamos em silêncio e isto me perturba. Não sei o que falar pra ela, pior... não sei como ser uma pessoa agradável sabendo que ela está com algum problema. Tenho medo de falar até. Vai saber se não vou falar alguma coisa delicada. Poxa vida, eu nuca falei com alguém que está doente desta forma.

Penso em algum filme que tenha visto e lembro da música "Streets of Philadelphia" do Bruce Springsteen. bem que eu podia ter este dom para comentar sobre coisas tristes, saber poetizar sobre algo assim. Será que existe o termo poetizar? Será que eu inventei isto agora? Cara, do que eu tô falando, já tô pensando nas minhas merdas de novo ao invés de falar algo para a Paulinha.

Porras, ela tá tão bonita, como é que pode tá doente? Não posso acreditar nisto. Se bem que eu sou meio tapado mesmo, vai ver as pessoas doentes ficam assim e eu é que não note nada. Pouts, penseiem algo de novo e não falei nada.

Fala seu merda! Fala!

- Paulinha...

- O quê? - ela fala com um tom frio na voz.

- Eu não...

O meu celular toca, eu pego e vejo que é Carol. Que que eu faço? Que que eu faço?

- Atende duma vez Soda.

- Tá. - ainda bem que ela falou algo - Só vou atender e já te falo o que eu ia dizer. Ela nem repara na minha resposta, está olhando para o outro lado da rua e não vejo sua expressão.

- Alô.

- Oi Soda. - pourras, Carol! É a Carol! - Eu tô te ligando para marcar de falar contigo de novo, mas ninguém pode saber. Me encontra no Garça daqui a meia hora. Beijos.

Ela desliga e eu fico mudo. Olho para Paulinha.

- Paulinha...

- Vai Soda, nem me explica, apenas vai e te vira, mas não me liga durante um bom tempo.

Eu baixo a cabeça, não falo nada e disparo no meio da rua, acelerando o passo para chegar até o bar do Garça em meia hora.

Eu realmente sou um merda egoísta.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

capítulo 32

Depois te algumas cervejas e duas doses de cachaça pra cada, Paulinha e eu não paramos mais de rir. Falamos sobre música, filmes antigos e morte de astros do rock. Pelo menos com isto não estou pensando nenhuma bobagem com ela, e quando falo bobagem me refiro ao contexto sexual da coisa. 

Merda! Já tô pensando nisto de novo! Esquece isto e presta atenção no que ela tá falando com esta boca deliciosa que ela tem e que eu nunca tinha notado.

- ...e daí ela simplesmente tava toda vomitada em cima da minha cama. Fiquei puta com a guria! Era só o que me faltava, só porque a gente é colega de trabalho e tá se dando bem, eu tenho que aguentar as fiasqueiras dela? Comigo não!

Eu finjo interesse.

- Tá, e tu fez o quê?

- Nada, fui dormir na sala e deixei a bêbada lá no quarto.

- Bêbado é uma merda mesmo.

- Eu é que o diga de ti.

- Como assim? O que que eu fiz?

-Ah... tu não lembra?

Me faço de desentendido.

- Eu não lembro de nada.

- Então deixa eu te lembrar que se não fosse eu, nos anos de 1991 e 1992, tu teria se afogado em vômito umas 730 vezes, já que em cada show da banda de vocês... pior... em cada ensaio da banda, tu tomava um porre de vodka enorme e depois ficava caindo pelo chão feito uma cópia barata do Sid Vicious.

- Poxa, e eu achando que eu agradava. Eram as minhas melhores performances.

- Sei. - ela diz enquanto pede mais duas cachaças pra nós - Ficar de trago agora é performance... tô sabendo.

Eu fico rindo, admirado em como ela consegue lembrar, e o pior, gostar dos shows que fazíamos.

- Tá... - ela muda o tom de voz e parece me intimar - ...mas o que eu quero saber é: a banda volta ou não volta?

- Eu pensei sobre o que tu falou, e até que me deu vontade de reunir os guris de novo, afinal faz um tempão que a gente não se fala. Deve ser bom ver todo o pessoal depois de velho, tudo pai de família...

- Tirando tu né?! - ela fala isso quase sem controlar o riso.

- Eu sei, eu sei... tirando eu.

- Tá, e sai ou não sai esta merda de reencontro, tá te achando estrela. Credo, é mais difícil reunir vocês do que o Led Zeppelin.

- Tá, vai sair, eu só tenho que entrar em contato com os guris.

- Há! - dando um tapa na mesa - Eu sabia que iria rolar. - enquanto ela fala vejo que parece que está reunião é algo muito importante pra ela.

- Tá e daí. - eu falo com a mesma cara de besta que tive a vida inteira.

- Foi pensando que você gostaria da ideia, mas ao mesmo tempo ia ficar se cagando quarenta anos que eu já tomei a iniciativa e já entrei em contato com todos eles e todos já me confirmaram que tão a fim de voltar a banda.

Fico quieto, só admirando o sorriso dela. Esta guria é foda mesmo.