Paulinha e eu caminhamos pela rua do Acampamento vazia.
- Domingo é sempre assim né? - eu falo tentando quebrar o gelo.
- Pra mim, as vezes Santa Maria parece sempre assim, mas sei que não é isso.
- E o que é então? - digo com medo de ouvir a resposta.
- Talvez seja por eu falar algo sério pro meu melhor amigo e ele ficar uma semana sem me ligar. E pior, quando liga, fala que vai me pegar na sexta para irmos no trabalho e acaba passando só no domingo. Não... e o pior dublo é que eu acabo aceitando o convite de domingo. E nem sei o motivo pra ter aceitado isto.
- Eu sei o motivo. É que tu lá no fundo me ama. - falo tentando angariar um sorriso e aliviar a tensão no ar, já tá dando para cortar com faca a nuvem negra que tá no ar.
Ela sorri e eu agradeço aos deuses do rock por terem me dado este humor idiota que as mulheres sempre gostam em mim.
- É... eu te amo, mas não é como tu tá pensando, não fica convencido, eu te amo por saber que tu é um idiota de bom coração e que se não fosse eu, tu ia ter uma vida pior do que a merda do que tu vive. E olha que tu vive numa merda desgraçada desde que eu te conheço.
- Ei... calma lá, quem me merece um pedido de desculpas sou eu agora.
- Jura que merece! E não discute comigo que eu não te compro pipoca no cinema. E outra, para um pouquinho de reclamar da Carol pelo menos hoje, pois a coisa podia ser bem mais estranha se tu estive em um jantar com a Rose.
- Não entendi.
- Nem tenta, pois tu te escapou de sentir cheiro de gardênias no jantar. - e ela fala isto explodindo em uma gargalhada encantadora.