Já são 18h em ponto e eu tô sentado aqui no Café Cristal tomando uma Coca Zero muito comportado. Nos fones toca "Teenage Kicks" do The Undertones e eu tento parecer tranquilo enquanto espero a Carol. Como que para me deixar mais nervoso, assim que eu penso no nome dela a dita cuja entra no Café.
Ela para um segundo na porta, me procura com o olhar e quando me vê abre um sorriso, o mesmo que me conquistou muito tempo atrás. Vem em minha direção, ela veste uma regata preta colada no corpo, um short jeans e esta de chinelinho de dedo, ou seja, já fiquei desconcertado apenas com a visão deste corpo feminino se aproximando de mim, o que dizer de eu falar com ela de novo.
- Oi. - ela diz e fica parada na minha frente.
Eu levanto e dou um beijo no rosto dela. WTF! Por que diabos eu fiz isso?
- Oi - eu falo querendo bater a cabeça na parede - quer sentar?
- Claro.
Eu puxo a cadeira pra ela e depois dela sentar me acomodo.
- Tu queria falar comigo?
- Como assim? - eu falo já com medo da resposta - Não era tu que queria me dizer algo?
- O que eu tinha pra dizer eu já disse na festa, tu é que me ligou depois.
Eu não acredito que ela me chamou até aqui para ficar neste papo besta.
- Tá mas lá na festa tu falou que tava errada não é? Eu nem tinha bebido então eu sei o que eu escutei.
- Eu lembro o que eu falei - ela baixa a cabeça e fica olhando para as mãos - e sei o que significa, mas não sei o que significa tudo o que está acontecendo.
- E o que tá acontecendo afinal? Tu bem que podia me explicar, pois eu não tô entendo porra nenhuma!
- Eu gosto de ti Soda.
- Se gosta por que terminou então?
- Não é tão fácil explicar.
- Pode não ser fácil, mas também não é fácil pra mim saber que além de me deixar tu fica com um cara escroto que tu jamais gostaria antes.
- Eu sei disso - ela continua com a cabeça baixa e isso me deixa cada vez mais nervoso - mas é que eu não sabia mais o que fazer, eu precisava de algo mais seguro pra mim.
- Seguro? Como assim seguro?
- Futuro sabe? Financeiramente, profissionalmente... uma vida mais tranquila, mais séria e não essas loucuras que tu passa querendo fazer toda semana.
- Loucura? Que loucuras que eu faço? - eu olho para os lados, coço a cabeça - Eu sou o cara mais comum que eu conheço, eu sou normal, um publicitário babaca como tantos outros!
- É verdade... como tantos outros, só que nunca ser nada mais do que isso, tu continua sendo explorado pelos outros e nunca tomou a iniciativa de ser um chefe, o dono de algo, continua se danando de tanto trabalhar para os outros, fazendo um trabalho muito legal, mas quem fica com o dinheiro, com a fama são os outros. Tu sempre vai ser um sonhador Soda... um peão pros outros. E ainda por cima...
- O que foi? - eu pergunto com medo do que pode vir na resposta.
Ela me olha bem nos olhos.
- Quando tu vai para de sonhar que tu um dia vai ser um rock star?
Eu sabia, o papo tinha que terminar assim.