Então ela estava esperando eu ligar. E agora... o que eu falo? Toda a conversa sobre o quanto ela me faz falta e o quanto eu quero sentir o cheiro da sua pele novamente passam pela minha cabeça, mas não abor a boca para falar nada.
- Soda? - ela fala com aquela voz que me deixa besta - tu não vai falar nada?
- Eu... eu... gostou da festa? - festa? que merda é essa? com tudo que eu tenho para falar e perguntar eu pergunto sobre a festa! Eu sou um merda!
- Gostei, mas não quis ficar muito, não tô com pique de festa, tenho muita coisa para pensar.
Coisas para pensar? O que ela quer dizer com isto? Será que ela tá pensando em mim? É isso que ela quis dizer?
- E tu tá pensando... em algo... específico? - droga, nem consigo falar como homem, tô com a perna tremendo, eu não devia ter ligado.
- Tô. E tem relação contigo. - ela fala isso da forma mais natural possível.
- Eu? Ah, tu tá de brincadeira. - tento parecer um cara tranquilo, mas acho que passo por idiota mesmo. - Eu? Por que tu ia tá pensando em mim?
- Sim, até eu fiquei me perguntando o motivo disso. - ela sorri, droga, tá rindo da minha cara, eu sou um idiota mesmo.
- Tá e isso significa o quê?
- Olha, agora da tarde para falar pelo telefone, vamos nos encontrar amanhã de tarde.
- Já é de madrugada, tu quer dizer amanhã, amanhã, ou amanhã, hoje de tarde?
Escuto a risada dela e imagino ela deitada no sofá da sala, só de camiseta e calcinha.
- Só tu né Soda! Sempre literalista, eu quis dizer hoje de tarde então.
- Ah... tá, beleza! Onde?
- Vamos nos encontrar ali no Café Cristal, ali na Pasqualine?
- Pode ser, faz tempo que não vou ali.
- Então tá, amanhã às 18h, pode ser?
- Pode sim. - eu acho que eu tô gaguejando - Combinado, amanhã às 18h no Café Cristal.
- Então té mais, beijo.
- Beijo.
Ela desliga e eu fico parado ali na rua.
Ao longe alguém com insônia escuta "Everything Flows" do Teenage Fanclub e eu encho os olhos d'água. Merda, que medo... o que ela conversar comigo? Não vou aguentar dois foras da mesma mulher. Carol... o que tu quer comigo?